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Foto do escritorGabriela Costa

Freud e a sexualidade infantil

Las Meninas (infanta Margarita María) - (Pablo Picasso, 1957)

O discurso de Freud sobre a sexualidade, sobretudo a infantil, reverberou de forma marcante em uma época na qual a criança era vista enquadrada em uma pureza e severamente distanciada do tema. A teoria de Freud traz à tona uma noção de sexualidade que não se restringe, como se pode confundir, ao lugar erótico ou biológico que se dá a ela.

Para o autor a sexualidade se faz a partir da pulsão, força motriz do aparelho psíquico, que tem como energia aquela que ele denominou Libido. A pulsão sexual, que se apoia no instinto, fala de um lugar no qual se vai além do biológico. Lugar impulsionado pelo desejo e marcado pela falta. Falta estrutural que, posteriormente, Lacan vai chamar de “objeto a”. Esse sujeito, castrado, cingido, procura tamponar o buraco que o assinala. Assim, a pulsão, que tem como característica a plasticidade e como finalidade a satisfação, busca por intermédio de variáveis objetos esse afago da completude. O que, vale ressaltar, nunca é atingido nessa dinâmica.

Dessa forma, ao longo do desenvolvimento do sujeito a libido que, a princípio, é distribuída por todo o corpo, em um bebê que é dito perverso polimorfo, ganha direcionamentos e é expressa nas fases que Freud nomeou como oral, anal, fálica e genital. Há, entre as fases fálica e genital, um período de latência que o autor delimita.

A cada fase há uma organização da libido que se apoia em uma zona erógena corporal. O organismo se faz um suporte do processo de inscrição simbólica. A sexualidade infantil, amparada as necessidades orgânicas, se faz auto erótica. A boca, como a primeira via de acesso ao outro e como meio por onde a criança experimenta os primeiros momentos de prazer, marca essa fase oral. Na fase anal, a satisfação erógena é direcionada a zona rectal, o ânus e o controle dos esfíncteres vão ser centro dessa fase psicossexual. Na fase fálica, a libido erotiza os órgãos genitais. As crianças começam a perceber as diferenças de gênero e o complexo de édipo se faz presente. Na latência, frente a repressão do Édipo, a libido se desloca e por meio da sublimação é canalizada para o desenvolvimento social e intelectual da criança. Na fase genital, que é um período de maturidade psíquica e organização da estrutura da psique, a libido volta a se encontrar nos órgãos genitais.

Assim, a sexualidade infantil, em um caminho que bordeja esse corpo antes tido como um pedaço de carne, traz à tona um processo de estruturação que parte desse lugar de pulsão e que dá movimento a vida.


Gabriela Costa.


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